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SEXTA 8 NOVEMBRO, 21H30
Sara Serpa, André Matos, Craig Taborn e Jeff Ballard
Sara Serpa e André Matos são um casal de músicos portugueses atualmente sedeado em Nova Iorque, cidade onde têm desenvolvido um corpo de trabalho de dimensão internacional. Uma vocalista que usa criativamente a voz como instrumento não-idomático, oscilando entre o lirismo melódico e a vocalização livre (Serpa), e um guitarrista expansivo que recorre tanto a técnicas de convencionais de guitarra como a efeitos de manipulação eletrónica (Matos), ambos se afirmam neste projeto como compositores e cúmplices de uma relação simultaneamente afetiva e artística. Nesta edição do Guimarães Jazz, Sara Serpa e André Matos serão acompanhados por Jeff Ballard, um baterista com um percurso de prestígio e colaborador habitual do duo, e, numa colaboração inédita, por Craig Taborn, consensualmente considerado um dos mais influentes pianistas do jazz contemporâneo.
Sara Serpa é uma vocalista, compositora e improvisadora originária de Lisboa e sedeada em Nova Iorque desde 2008, com uma carreira musical primordialmente situada no território do jazz clássico, mas com incursões pontuais nos circuitos de tendência mais experimental. Uma cantora não-verbal que encara a voz como som puro e não-contaminado pela linguagem, Serpa iniciou o seu percurso na música internacional ao lado de artistas proeminentes do jazz mainstream norte-americano (tais como, entre outros, Danilo Pérez, Ran Blake ou Greg Osby) e editou até à data dez registos discográficos, o último dos quais intitulado “Intimate Strangers”, que resultou de um projeto interdisciplinar criado em parceria com o escritor nigeriano Emmanuel Iduma. Ao longo do tempo, a vocalista portuguesa envolveu-se também em várias colaborações, tanto no contexto jazzístico mainstream como em formatos mais heterodoxos, com inúmeros músicos relevantes da paisagem musical contemporâneo, entre os quais podemos relevar os nomes de Zeena Parkins, John Zorn, Mark Turner ou Angelica Sanchez.
O percurso musical do guitarrista português André Matos iniciou-se com um período formativo em que frequentou a escola do Hot Clube de Portugal, tendo completado os seus estudos de nível superior nos EUA (nomeadamente, no Berklee College of Music e no New England Conservatory). Desde o início da sua carreira Matos editou até à data cinco álbuns em nome próprio, entre os quais o mais recente “Múqina”, e, para além da sua atividade enquanto membro do Quinteto de André Carvalho e o Quarteto Gonçalo Leonardo e da relação criativa com Sara Serpa, Matos mantém-se ativo no contexto de um trio em parceria com o saxofonista Tony Malaby e o baterista Milly Mintz. No que diz respeito ao trabalho extemporâneo à prática estritamente musical, é importante e justo mencionar o trabalho meritório de André Matos na divulgação e promoção do jazz nacional no papel de fundador e diretor artístico da infelizmente extinta editora TOAP, com a qual o Guimarães Jazz colaborou durante muitos anos.
Considerando o seu percurso na música durante os últimos quinze anos, e tendo também em conta a sua relação de proximidade com o Guimarães Jazz (onde já atuou por diversas ocasiões, a última das quais no concerto superlativo que protagonizou em duo com Vijay Iyer), Craig Taborn dispensa grandes apresentações ao público do festival. De referir apenas que se trata de um compositor e instrumentista com um trabalho criativo desdobrado por vários contextos e territórios musicais – jazz, música eletrónica, rock e avant-garde – e um historial impressionante de colaborações com, simultaneamente, várias figuras históricas do jazz moderno e alguns dos músicos mais importantes da nova geração – como, por exemplo, Rudresh Mahanthappa, Chris Lightcap ou o já mencionado Vijay Iyer. Os projetos autorais de Taborn cobrem um largo espectro de formatos e estéticas (desde um trabalho de composição para piano solo até incursões pela eletrónica minimal, passando por formações colaborativas) e a linguagem musical pessoal deste pianista, entre a melodia e a dissonância, coloca-o numa linhagem que começa em Monk e converge para uma miríade de referências onde encontramos tanto ecos do swing canónico do jazz como da abordagem neoexpressionista de Cecil Taylor.
Originário da Califórnia, EUA, Jeff Ballard (n. 1963) é um prestigiado baterista com uma carreira de mais de cinco décadas ao mais alto nível do jazz, em que partilhou o palco com grandes nomes da música e estabeleceu várias relações criativas de relevância artística, nomeadamente aquelas que resultaram da sua contribuição em grupos liderados por Chick Corea ou Brad Mehldau. Ballard inaugurou a sua carreira musical na qualidade de membro da banda de Ray Charles e, após a mudança para Nova Iorque em 1990, introduziu-se na cena jazzística que nessa altura despontava na capital global norte-americana, protagonizada por um conjunto de músicos que se encontram hoje plenamente estabelecidos na cultura musical contemporânea, entre os quais podemos referir os nomes de Kurt Rosenwinkel (com quem colaborou extensivamente) ou Joshua Redman. Desde então, Ballard, um músico de referências ecléticas e abordagem expressiva ao seu instrumento, tem desenvolvido um percurso afirmativo de consolidação artística ao lado de grandes nomes da história recente do jazz (tais como acima mencionados Chick Corea ou Pat Metheny, entre muitos outros), bem como em colaboração com alguns dos seus companheiros de geração, com quem trilhou os caminhos de renovação estilística inaugurados durante a década terminal do século XX.
Maiores de 6
Sara Serpa, voz
André Matos, guitarra
Craig Taborn, piano
Jeff Ballard, bateria
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